Mulher encontrada morta em mala de viagem denunciou namorado por agressão e enforcamento em SP
- 12/09/2025

Atílio Ferreira da Silva foi preso acusado de matar a namorada Jane de Araújo Lima e esconder o corpo em uma mala de viagem Matheus Croce e Reprodução Jane de Araújo Lima, a mulher encontrada morta em uma mala de viagem em Praia Grande, no litoral de São Paulo, registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica contra o namorado, Atílio Ferreira da Silva, antes de morrer. O homem foi preso suspeito de matá-la. Conforme apurado pelo g1, a vítima disse à polícia que chegou a ser agredida com um fio e enforcada pelo companheiro. O corpo da mulher foi encontrado por três crianças que brincavam no bairro Ribeirópolis, em Praia Grande, em 4 de setembro. O namorado foi preso na terça-feira (9) e confessou ter matado Jane durante uma discussão do casal, no último dia 27. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. O g1 teve acesso a dois boletins de ocorrência em que Atílio é acusado de cometer violência doméstica. O primeiro foi registrado em abril de 2023, na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher de Pirituba (SP), e o segundo em outubro do mesmo ano, na Delegacia de Defesa da Mulher de Santos (SP). A equipe de reportagem não localizou a defesa do suspeito de cometer o homicídio. No primeiro registro, Jane disse à polícia que teve um desentendimento com Atílio e levou um tapa no rosto. Ela acrescentou às autoridades que também havia sido agredida pelo homem com um fio e enforcada por ele, manifestando também a vontade de obter uma medida protetiva de urgência - não há informações oficiais se a medida foi deferida. No segundo registro, há o depoimento de um policial militar que atendeu uma ocorrência e descreveu agressões mútuas entre o casal. Na ocasião, Jane e Atílio afirmaram à corporação que não desejavam fazer uma representação criminal pelo ocorrido. Atílio Ferreira da Silva foi preso suspeito de matar Jane de Araújo Lima, em Praia Grande (SP) Arquivo Pessoal e Arquivo Pessoal/Ivanildo Cardoso Outros boletins de ocorrência Além desses registros, Atílio também aparece em outros boletins de ocorrência. Em 2012, ele foi citado em um caso de acidente de trânsito na capital paulista. Segundo o registro, Atílio não tinha habilitação e entregou um carro a uma mulher, também sem o documento, para ensiná-la a dirigir. Ela perdeu o controle do veículo, que capotou. A mulher foi encaminhada a um pronto-socorro, medicada e liberada. Outro boletim, registrado em 2008, também em São Paulo, aponta que Atílio se envolveu em uma discussão seguida de agressão com um grupo de pessoas. Histórico agressivo A filha de Jane, Kerolen de Lima Carvalho, disse ao g1 que a mãe já havia relatado agressões por parte do namorado. “Desde o começo, ele se mostrou uma pessoa agressiva”, explicou a mulher, que chegou a insistir para a mãe se separar. “Insistia para a mamãe largar ele. Às vezes ela dizia que iria, mas depois mudava de ideia”, lamentou Kerolen. Áudios obtidos pelo g1 mostram Jane contando sobre uma agressão e pedindo socorro (ouça abaixo). Áudios mostram mulher encontrada morta dentro de mala pedindo socorro após agressões Quem era a vítima? Ao g1, Kerolen contou que a mãe sempre foi muito sociável e era muito querida. “Ela gostava muito de fazer amigos, todos que conheciam gostavam muito dela”, relembrou. Segundo a filha, a mãe gostava de ajudar os amigos e era apaixonada por animais. “Sempre que encontrava na rua queria trazer para casa”, relatou, dizendo que a mulher sempre foi livre, mas insistia em relacionamentos tóxicos. Apesar de ser agredida pelo companheiro, Jane sempre alertou a filha sobre os cuidados necessários nas relações amorosas. “Me ensinou a ficar a tenta a sinais de relacionamentos abusivos, nunca insistir em homens que se mostram agressivos, pois eles não mudam, só pioram”, lamentou Kerolen. Relembre o caso Homem é preso por matar mulher achada dentro de mala em Praia Grande, SP Segundo o delegado Luiz Ricardo de Lara, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da cidade, Atílio matou Jane em 27 de agosto, colocou o corpo na mala no dia seguinte e permaneceu com o cadáver no imóvel até 2 de setembro. Nesse período, ele teria limpado a casa na tentativa de ocultar o crime. A mala com o corpo foi desovada em um terreno baldio no dia 2 de setembro, quando o homem também fugiu para São Paulo. Ele permaneceu na capital até o dia 5, quando voltou para Praia Grande e ficou hospedado na casa da filha. Atílio foi preso após se apresentar espontaneamente na delegacia. De acordo com o delegado, o objetivo do homem era prestar esclarecimentos, mas ele acabou informado sobre o mandado de prisão e foi detido. Investigações Delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (10). Na imagem à direita, os vestígios de sangue Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal e Polícia Civil Um dia antes da prisão de Atílio, a polícia periciou o imóvel do casal, onde foram encontrados vestígios de sangue. A revelação foi feita com produtos químicos e registrada em imagens fotográficas (veja acima). Durante as investigações realizadas na segunda-feira (8), o delegado informou que vizinhos relataram ter visto Jane pela última vez em 27 de agosto, mesmo dia do crime. Os moradores também mencionaram episódios de agressões físicas durante uma discussão entre o casal. Com base nos relatos, a Polícia Civil representou pela prisão do companheiro da vítima, que era considerado foragido. Após audiência de custódia nesta quarta-feira (10), ele teve a prisão mantida. Versão do assassinato Faca utilizada no crime foi encontrada escondida em muro em Praia Grande, SP Polícia Civil Em depoimento, Atílio disse ter reagido a uma investida de Jane que, segundo ele, tentou atacá-lo com uma facada na altura do peito durante a discussão. Em seguida, ele disse ter tomado a faca e matado a vítima - a lâmina se partiu durante os golpes. O homem contou ainda que escondeu o objeto entre os muros da própria casa e a do vizinho. A faca foi recuperada pela Polícia Civil, que precisou quebrar os blocos e localizar o armamento (veja acima). O delegado destacou que os exames periciais das lesões da vítima e da faca estão pendentes. A conclusão deve ocorrer antes de 30 dias. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
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